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terça-feira, 6 de novembro de 2007
Transformers
Michael Bay deve ter se cansado de tentar convencer a parcela provinciana dos críticos e/ou cinéfilos “entendidos” e descolados óbvios com Transformers.Seu maior chute na tentativa de amalgamar esses dois públicos em “A ilha” resultou em fracasso por não conseguir alcançar nem um e nem outro.Cinemão as vezes é matemática.O povão quer ver sangue,o povinho quer ver conteúdo.As vezes misturar não da certo.
Como o marido safado,que depois de tentar se dar bem com a mulher gostosa tenta voltar para a esposa baranguinha com o rabo entre as pernas, Bay retorna para o seu publico pátrio que o recebe de pernas abertas.
Talvez nem mesmo o próprio cineasta tenha se dado conta(ou o publico de seus filmes e até mesmo seus fiéis detratores), mas Bay é representante legitimo da tradição grindhouse.Não estou querendo dizer que o publico vai conferir seus filmes em lugares apinhados de pulga e cheirando a mijo e sim que o cineasta entrega aos pagantes algo de gosto duvidoso e realização exagerada e com poucos critérios(para os padrões intelectuais) como se fosse o melhor que poderia fazer.E o publico sai satisfeito na certeza de que aquilo é o melhor que conseguiu pagar.Não existe nada mais grindhouse do que os termos técnicos picaretas empregados em filmes como “A rocha”.Ou a interpretação canhestra de um Will Smith e seus bullet times e câmeras que atravessam paredes em “Bad Boys”.Obviamente que debaixo de um verniz de 150 milhões de doletas na poupança gordinha de “Transformers” fica difícil para o publico com suas bundas suadas na poltrona do UCI mais próximo identificar tal coisa.Fica difícil até para o freqüentador das noitadas da cinemateca saber disso.Afinal de contas, grindhouse pra ele é Robert Rodriguez e seus milimétricamente planejados filmes cheios de erros propositais.Quem diria que um dia estaríamos no cinema aplaudindo erros propositais???
Quando “Transformers” chegou aos cinemas, foi quase como o anuncio do apocalipse para os já condicionados jogadores de pedra antecipados.Não da pra tirar a razão dos pobres garotos sabichões ao mesmo tempo que se pode passar totalmente batido em relação a isso.
Pra variar, Bay entrega um filme totalmente impessoal e de narrativa simples.Se ele tentou enganar todo mundo nas suas outras incursões...esse não é o caso aqui.É quase como se ele se desculpasse por ter te enfiado aqueles enormes porta aviões mais o Ben Afleck goela abaixo sem dó e ainda querer fazer parecer um filme sério em “Pearl Harbor”.Se nos anos 80 John Carpenter já havia identificado o ponto exato de convergência entre publico e realizador nos seus (execrados pela critica e amado pelo publico e depois o contrario) “Aventureiros do bairro proibido” e “Fuga de Nova York”, Bay o faz agora de maneira inconsciente mas claramente presente.Sai os personagens durões e facilmente identificáveis de Kurt Russel e entram Os Shias e Megans que os meninos e meninas gostariam de sentar ao lado na escola.A maior semelhança entre os dois diretores é o uso freqüente e correto de personagens empáticos.Snake e o durão que você gostaria de ser quando crescer.Sam é o menino que você gostaria de ter sido na puberdade.Não se engane...são diretores de tamanhos diferentes mas cada um a sua época entregaram marmita para o mesmo publico.E daqui uns 20 anos se você estiver vivo e consciente de suas funções básicas terá que argumentar com guris cheirando a leite e certos de si que insistirão de maneira convicta que “Armageddon” é um verdadeiro filmaço dos tão distantes anos 90 só por ser testemunha do “Zé povinho” da época .Inversão de lógica acontece sempre em intervalos regulares de tempo, infelizmente.
O filme ainda tem a vantagem de ser fruto de um produto já existente e pré estabelecido(quem tiver mais de 25 anos e não tiver um transformers não teve infância) o que já o livra da obrigação de prostituir a si mesmo.Mesmo assim é planejado para agradar o garotinho e o garotão facilmente como o bom filme ruim de verão e futura sessão da tarde a ser repetida milhões de vezes como outras produções de Spielberg em menor ou maior escala.
E ainda traz consigo a constatação de uma troca de valores curiosa que nos remete a idéia inicial do meu texto:
Os verdadeiros “grindhouse” ficaram milionários e os filmes de “autor” ficaram pobres.

Nota- 9

Pony
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Takashi Miike
Takashi Miike:
Existe um certo sentimento de segurança no ato de assistir um filme.Qualquer filme.Por mais “enfant terrible” que o diretor seja no fundo você sabe que ele não vai cruzar alguma linha e que a experiência no final das contas é um ato plenamente sem riscos.Bom...esse é o tipo de coisa que não existe no cinema de Miike.Diretor extremista e absurdamente criativo e hoje em dia um dos grandes nomes do cinema mundial.
Dono de uma invejável filmografia de mais de 73(!!!!!!)filmes e uma média de 3 lançados por ano em apenas 17 anos de labuta,o diretor hoje tem seus ingressos disputados a tapa em festivais internacionais.
Não a toa Tarantino(sempre ele) praticamente lhe rouba todos os trejeitos, manias e...os atores preferidos, e usa a seu favor no excelente e reverencial Kill Bill vol 1.
Apesar do enorme numero de produções assinadas por ele,pouca coisa do diretor tem sido lançada por aqui.
A distribuidora Europa lançou esse ano as versões simples dos filmes”Ichi-o assassino” e mais recentemente”Morrer ou viver 1 e 2”.Foram lançados os filmes”cena mafiosa 1 e 2” pela distribuidora Oregon e pela Paris filmes o capitulo”Imprint” da série marcas do terror.
Mesmo assim,filmes menos conhecidos do diretor estão restritos a mostras e pequenos festivais.
Esse ano talvez a situação se reverta um pouco,já que o selo da Sony classics encontra-se encarregado de fazer a distribuição mundial de “Sukiaki Western Django”,ultimo filme do diretor e refilmagem do clássico dos anos 60 Django,dirigido por Sérgio Corbucci.Dessa vez com Tarantino fazendo uma ponta.

Filmes obrigatórios do diretor:

Audition(1999)-
Com a desculpa de fazer uma entrevista para o elenco de um filme mas com segundas intenções um viúvo de caráter duvidoso acaba entrando em um verdadeiro pesadelo.

City of lost souls(2000)-
Um brasileiro descendente de japoneses se envolve com uma chinesa no meio da guerra de gangues entre a Yakuza e a tríade chinesa.

Trilogia morrer ou viver(1999 a 2004)-
3 filmes não relacionados que vão do ódio mortal clássico entre policial e bandido até explosões nucleares...sem escala.

Visitor Q(2001)-
O filme sobre famílias disfuncionais mais ofensivo já feito...e um dos mais belos.

Ichi-O assassino(2001)-
Sinopse alguma faria justiça a esse filme.O mais próximo seria:corrida contra o relógio,banho de sangue e sadismo extremo.

Gozu (2003)-
Um pesadelo infernal que envolve a máfia,gente deformada,seres bizarros e imagens que não sairão da sua cabeça tão cedo.
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Battlestar Galactica
Remakes nunca são fáceis.Ainda mais se for um remake de uma série clássica e com milhões de fãs espalhados pelo mundo que simplesmente não aceitam uma virgula de mudança.
Parece que os produtores David Eick e Ronald D.Moore simplesmente ignoraram esse pequeno contratempo e se dedicaram a entregar ao publico não uma série de qualidade e sim,talvez(de acordo com grande parte do publico e critica), a melhor série de ficção cientifica já feita.E o melhor:totalmente independente da série que a originou.Apesar dos protestos já previstos, a verdade é que os produtores acertaram a mão ao deixar a fantasia de lado e concentrar a série em um tom mais realista,lógico que dada as devidas proporções.Afinal de contas estamos falando de basicamente um velho clichê do gênero:maquinas inteligentes atacando seres humanos.Nisso,a trama básica pouco difere da original.Aqui tudo é feito de maneira documental,como se alguém com a câmera na mão participasse de um exercício de guerra dentro das naves.É possível até se dar ao luxo de presenciar falhas mecânicas em trens de lançamento e pouso com um nível de detalhe jamais visto no gênero.E as batalhas são um dos(muitos) pontos altos do programa,com efeitos especiais que rivalizam fácil com qualquer mega produção de Hollywood.
Nada disso teria importância se o elenco,misto de veteranos e novatos, também não merecesse os parabéns.
Edward James Olmos agarra o papel com unhas e dentes e entrega um almirante Willian Adama impecavel.Não se pode esquecer de Mary Macdonnell como presidente das colônias atacadas numa performance cheia de pequenos detalhes marcantes.O veterano ator Michael Hogan também faz bonito como Coronel Saul Tigh.
Resultado: 25 indicações e 11 prêmios em apenas 3 temporadas.
Apesar de não ter uma audiência monstruosa, a série mantinha-se confortável na grade de programação no canal Sci-Fi channel.Pegando todos de surpresa os produtores anunciaram o término da série na 4o temporada e a produção de um filme feito diretamente para a TV para novembro de 2007.

No Brasil:
A primeira temporada chegou a ser exibida na rede Record em 2006 mas sumiu rapidamente da programação.Na Tv a cabo ela foi exibida primeiramente no Universal Channel e logo em seguida na TNT aonde foram exibidas todas as 3 temporadas.
As primeiras duas temporadas foram lançadas em Box de DVD com imagem fullscreen.A primeira temporada vem com o minisérie em forma de filme de 3 horas em um disco separado.
A terceira temporada será lançada no mês de outubro.

Pony
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segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Nova dinastia na tela

O novo cinema Coreano e Chines

De uns anos para cá o cinema asiático transformou-se na verdadeira rainha do baile no que diz respeito a importância cinematográfica.

Aplaudido por alguns,gerando certa desconfiança em outros mas no final das contas todo mundo quer dar ao menos uma olhada.A grande verdade é que o cinema de olhos puxados sempre fez parte da grande cultura de massa mundial.

Hoje o reconhecimento de diretores consagrados como Quentin Tarantino,que admite explicitamente ter se embriagado com tanta referencia(inclusive refazendo cenas inteiras do filme “city of fire” de Ringo Lam no seu filme de estréia,’’cães de aluguel”),e de Ang Lee e sua homenagem aos épicos de artes marciais que assistia quando criança em “o Tigre e o Dragão”,confere uma legitimidade maior a produções que para certos setores eram vistos apenas como subgêneros.

Tarantino e sua homenagem a Shawn Brothers em Kill Bill.
Existe um leque enorme para analises do cinema asiático.Desde a borbulhante e ultra popular Bollywood na índia até o paraíso dos dubles na Tailândia.Mas hoje em dia se você quiser saber aonde verdadeiramente o cinema oriental esta pegando fogo você precisa se concentrar em certos pontos especificos.Abaixo um guia do que de melhor foi produzido nos últimos anos:
China e Hong Kong:
Nos últimos anos o cinema chinês tem criado um certo burburinho dentro do meio cinematográfico.Isso desde os anos 70 e começo dos 80 quando os irmão Shawn e um certo Bruce Lee simplesmente dominavam a cena local e ainda por cima faziam relativo sucesso em terreno estrangeiro.

Na segunda metade dos anos 80 até o começo dos 90 filmes policiais dirigidos e produzidos por John Woo,Ringo Lam e Tsui Hark praticamente firmaram a base para tudo que se produziu nos anos subseqüentes.Se por um lado isso ajudou a popularizar o cinema de ação e astros consagrados como Chow Yun Fat.,por outro trouxe uma certa estafa inevitável para o gênero.
Também no começo dos anos 90 viu-se o surgimento dos épicos grandiosos de artes marciais,com destaque para”Entre o amor e a Glória” de Ronny Yu e a trilogia “Era uma vez na China”,produzida,escrita e dirigida por Tsui Hark e estrelada por Jet Li.

Nesse mesmo período diretores mais autorais como Wong Kar Wai,Ang Lee e Chen Kaige começam a ter mais destaque.Kaige inclusive ganha o premio de melhor filme em Cannes em 1993 por “Adeus,minha concubina” e a performance da atriz Gong Li é muito elogiada.

Visando uma maior liberdade artística e tentando escapar da censura,a maior parte dos diretores e produtores opta por filmar em Hong Kong e Taiwan aonde as leis de censura são mais flexíveis em relação a China continental. Na China continental, um filme não pode mostrar fantasmas, cadáveres, tiroteios em lugares públicos, nada muito assustador, nem muito sexy, nada que possa ser considerado subversivo ou com a capacidade de irromper com a ordem nacional.Portanto...

Outro fenômeno ocorrido também nos anos 90 foi o grande numero de diretores chineses indo trabalhar em Hollywood, dirigindo filmes de ação,terror e até dramas.

O mais bem sucedido,ao menos comercialmente,foi John Woo.Depois de uma estréia um pouco morna com o filme”o alvo”com Jean Claude Van Damme,Woo dirige dois filmes de sucesso com um dos grandes ícones do cinema,John Travolta,sendo eles”A ultima ameaça” e “A outra face”.Em 1997,contrariando toda a lógica,Ang Lee que já tinha uma carreira estabilizada na América resolve dirigir um filme de artes marciais falado em mandarim.Contando com Zhang Ziyi,Chow Yun Fat e Michele Yeoh no elenco.O filme “o Tigre e o Dragão surpreendeu a todos ao fazer, somente nos EUA,100 milhões e sendo indicado e levando 4 estatuetas na cerimônia do Oscar,inclusive de melhor filme estrangeiro.
Entre o amor e a glória,dirigido por Ronny Yu.
Nessa década,apesar da crise financeira ter alcançado o cinema Chinês,alguns diretores conseguiram se destacar renovando mais uma vez alguns gêneros.O diretor Stephen Chow e suas duas paródias de artes marciais”Kung-fusão” e “Shaolin Soccer” quebraram recordes de bilheteria.Entre 2002 e 2003 a bem sucedida trilogia”Conflitos internos” dirigida por Andrew Law e Alan Mak iniciou uma nova moda de thrillers policiais.Em 2006 o primeiro filme da trilogia seria adaptado por Martin Scorcese no super oscarizado”Os infiltrados”.

Também na linha policial pode-se destacar os filmes do Johnnie To que despontou como um dos grandes diretores atuais de Hong Kong,tendo seu trabalho sempre bem aceito em festivais internacionais,alem de capitanear boa bilheteria.

E seguindo os mesmos passos de Ang Lee,diretores consagrados resolvem misturar cinema de arte com cinema popular aproximando cada vez mais públicos tão distantes. Zhang Yimou talvez seja o exemplo mais conhecido,com sua trilogia de Kung Fu(Herói,Clã das adagas voadoras e Maldição da flor dourada),conseguiu amalgamar tanto um cinema mais lírico e poético e misturar a fórmulas mais populares.E ainda chamou o astro Jet Li pra ajudar na bem sucedida missão, embora alguns o acusassem de apenas estar fazendo propaganda vermelha em seus filmes.

Chen Kaige,diretor de ‘’Adeus,minha concubina” segue os mesmos passos em 2004 com o filme “A promessa”.Até então a produção mais cara do continente asiático e com participação de atores de outros paises como Japão e coréia.

Em 2006 o diretor Feng Xiaogang dirige”Inimigos do império” que nada mais é do que uma elogiadissima releitura de Hamlet em versão Kung Fu.Também grande sucesso de bilheteria ano passado o filme Sha Pó Lang,que recebeu o titulo de “Comando Final” no Brasil,dirigido por Wilson Wip e com nomes de peso no elenco como Sammo Hung,dessa vez como vilão ameaçador e Donnie Yen como seu antagonista em um filme que fez a platéia aplaudir de pé em festivais ao redor do mundo.Fechando o ciclo temos a ultima incursão de Jet Li no gênero que o consagrou e a volta de Ronny Yu novamente na direção de um filme de artes marciais e ainda seu melhor trabalho em “Mestre das armas”,um sucesso arrebatador de publico e critica.
Coréia do sul:
O cinema Coreano como o conhecemos hoje parece algo tão maduro e profissional que é difícil imaginar ele sendo um fenômeno recente.

O primeiro grande boom cinematográfico coreano se deu no final dos anos 60 e começo dos 70.Depois a industria simplesmente perdeu a força e caminhou de maneira moribunda nos anos 80,acuada principalmente pelo fato do pais possuir uma censura avassaladora.Na metade dos anos 90 o governo troca censura por incentivo trazendo de volta o publico.

Os primeiros grandes sucessos desse novo cinema vieram da sombra de uma ferida de certo modo recente ao povo sul coreano:a divisão da Coréia em duas partes em uma guerra que matou mais de 3 milhões de pessoas.

Filmes como “shri-missão terrorista” de Je Gyu Kang e “Unidade 684” de Woo Suk Kang arrastaram multidões para o cinema,menos por suas qualidades artísticas e mais pela identificação imediata por parte do publico.Em 2004 o filme”Irmandade da guerra”,uma produção que nos remete esteticamente a “resgate do Soldado Ryan”e que bate na mesma tecla das duas Coréias em conflito (no caso,dois irmãos envolvidos na guerra) torna-se a bola da vez e o filme mais rentável da Coréia até então.

Com a certeza de um cinema bom,bonito e barato e com cada vez mais pessoas comprando entradas em um reflexo claro de um pais que se desenvolveu muito e cada vez mais rápido,qual seria o espaço para o cinema de autor?
Pois bem...eles existem e são os melhores do ramo.

Park Chan Wook é figura fácil em festivais de cinema internacionais.Diretor extremamente competente e criativo,é o realizador da trilogia da vingança,sendo que seu filme “oldboy” ganhou ao redor do mundo cerca de 17 premios internacionais colocando a Coréia definitivamente no mapa cinematográfico. Destaque também para Kim Jin Woon,diretor de obras distintas e avassaladoras como “Medo” e “Gosto da Vingança”.

Mas o grande destaque fica por conta de Jong Hoo Bong,talvez o cineasta coreano que tenha conseguido de forma mais homogênea casar o cinema de autor com o cinema comercial.Primeiro com sua estréia na direção em “Memórias de um assassino” filme de 2003 aclamado pela critica mundial.Mais recentemente seu filme “O hospedeiro” tornou-se a maior bilheteria do pais e figura fácil nas listas de melhores produções do ano.
Nada mal para um cinema que nem saiu da puberdade.
Pony
posted by Revista Nerd @ 20:12   0 comments
Adeus, 007.
Quase no final de 2001 fiquei sabendo que Matt Damon iria fazer um filme sobre um assassino da C.I.A que perde a memória e tenta descobrir quem é. Pouco tempo depois, li em algum lugar que o filme teria cenas de lutas e seria dirigido por Doug Liman, aí pensei: ``o cara que dirigiu Swingers fazendo filme de ação e o Ripley lutando?``. E a vontade de ver cresceu.
Qual não foi minha surpresa quando vi, no cinema, que A Identidade Bourne era um filme de ação bem acima da média, com um ator de verdade, e que obviamente se esforçou no papel, e um diretor de drama que deu ao filme uma densidade e estilo que poucos filmes de ação possuem. O roteiro, que teve alguns problemas durante a produção, mostrava um assassino sem memória, que não sabe de onde veio, mas sabe quebrar qualquer um em 10 segundos e dirigir carros em alta velocidade (ah, aquela perseguição) procurando sua verdadeira identidade. A trama não é original, mas o modo como o filme foi feito é. E fez sucesso.
Em 2004 chega a continuação A Supremacia Bourne. Dirigida por Paul Greengrass (que antes tinha feito um filme meio meloso com Kenneth Brannagh e o excelente e visceral Domingo Sangrento), o filme dá um passo acima na qualidade e torna a trama ainda mais complexa ( não vale contar nada, estraga tudo para quem não viu), com a adição de Joan Allen no elenco. Tudo que funcionou no primeiro filme é tratado de forma nervosa por Greengrass, e a perseguição no final é de ranger os dentes. Logo depois do sucesso desse segundo filme, anunciam a seqüência, com Greengrass na direção.


Ano passado o cara dirigiu um filme com desconhecidos sobre o avião que não atingiu o objetivo no 11 de Setembro. Esse foi ´´só `` um dos filmes mais tensos que já tinha visto, e Greengrass ganhou uma merecida indicação ao Oscar.
Direto ao ponto, quando vi O Ultimato Bourne me surpreendi. Paul Greengrass faz um filme ainda mais nervoso e tenso que A Supremacia e Vôo United 93. Assim como fez na segunda aventura de Bourne, aqui ele melhora tudo que funcionou nos outros, com cenas de ação mais elaboradas e bem filmadas (tem a melhor luta da série) e ainda mostra pra Martin Campbell como é que se faz filme de espionagem de verdade e sem frescuras. Aqui Bourne finalmente chega onde quer, é o filme onde ele está mais humano e mais perigoso, como mostram as melhores cenas de ação desde sei lá quando (umas duas já são clássicas), e que não atrapalham em nada o roteiro complexo, mas de fácil entendimento. É o filme que fecha com chave de ouro a saga do assassino sem memória. E ainda mostra que Julia Stiles não era só a moça bonitinha que espantava moscas no set. Ou seja, inacreditável...de tão bom.


Nicolas Trevizan
posted by Revista Nerd @ 20:08   1 comments
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