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segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Nova dinastia na tela

O novo cinema Coreano e Chines

De uns anos para cá o cinema asiático transformou-se na verdadeira rainha do baile no que diz respeito a importância cinematográfica.

Aplaudido por alguns,gerando certa desconfiança em outros mas no final das contas todo mundo quer dar ao menos uma olhada.A grande verdade é que o cinema de olhos puxados sempre fez parte da grande cultura de massa mundial.

Hoje o reconhecimento de diretores consagrados como Quentin Tarantino,que admite explicitamente ter se embriagado com tanta referencia(inclusive refazendo cenas inteiras do filme “city of fire” de Ringo Lam no seu filme de estréia,’’cães de aluguel”),e de Ang Lee e sua homenagem aos épicos de artes marciais que assistia quando criança em “o Tigre e o Dragão”,confere uma legitimidade maior a produções que para certos setores eram vistos apenas como subgêneros.

Tarantino e sua homenagem a Shawn Brothers em Kill Bill.
Existe um leque enorme para analises do cinema asiático.Desde a borbulhante e ultra popular Bollywood na índia até o paraíso dos dubles na Tailândia.Mas hoje em dia se você quiser saber aonde verdadeiramente o cinema oriental esta pegando fogo você precisa se concentrar em certos pontos especificos.Abaixo um guia do que de melhor foi produzido nos últimos anos:
China e Hong Kong:
Nos últimos anos o cinema chinês tem criado um certo burburinho dentro do meio cinematográfico.Isso desde os anos 70 e começo dos 80 quando os irmão Shawn e um certo Bruce Lee simplesmente dominavam a cena local e ainda por cima faziam relativo sucesso em terreno estrangeiro.

Na segunda metade dos anos 80 até o começo dos 90 filmes policiais dirigidos e produzidos por John Woo,Ringo Lam e Tsui Hark praticamente firmaram a base para tudo que se produziu nos anos subseqüentes.Se por um lado isso ajudou a popularizar o cinema de ação e astros consagrados como Chow Yun Fat.,por outro trouxe uma certa estafa inevitável para o gênero.
Também no começo dos anos 90 viu-se o surgimento dos épicos grandiosos de artes marciais,com destaque para”Entre o amor e a Glória” de Ronny Yu e a trilogia “Era uma vez na China”,produzida,escrita e dirigida por Tsui Hark e estrelada por Jet Li.

Nesse mesmo período diretores mais autorais como Wong Kar Wai,Ang Lee e Chen Kaige começam a ter mais destaque.Kaige inclusive ganha o premio de melhor filme em Cannes em 1993 por “Adeus,minha concubina” e a performance da atriz Gong Li é muito elogiada.

Visando uma maior liberdade artística e tentando escapar da censura,a maior parte dos diretores e produtores opta por filmar em Hong Kong e Taiwan aonde as leis de censura são mais flexíveis em relação a China continental. Na China continental, um filme não pode mostrar fantasmas, cadáveres, tiroteios em lugares públicos, nada muito assustador, nem muito sexy, nada que possa ser considerado subversivo ou com a capacidade de irromper com a ordem nacional.Portanto...

Outro fenômeno ocorrido também nos anos 90 foi o grande numero de diretores chineses indo trabalhar em Hollywood, dirigindo filmes de ação,terror e até dramas.

O mais bem sucedido,ao menos comercialmente,foi John Woo.Depois de uma estréia um pouco morna com o filme”o alvo”com Jean Claude Van Damme,Woo dirige dois filmes de sucesso com um dos grandes ícones do cinema,John Travolta,sendo eles”A ultima ameaça” e “A outra face”.Em 1997,contrariando toda a lógica,Ang Lee que já tinha uma carreira estabilizada na América resolve dirigir um filme de artes marciais falado em mandarim.Contando com Zhang Ziyi,Chow Yun Fat e Michele Yeoh no elenco.O filme “o Tigre e o Dragão surpreendeu a todos ao fazer, somente nos EUA,100 milhões e sendo indicado e levando 4 estatuetas na cerimônia do Oscar,inclusive de melhor filme estrangeiro.
Entre o amor e a glória,dirigido por Ronny Yu.
Nessa década,apesar da crise financeira ter alcançado o cinema Chinês,alguns diretores conseguiram se destacar renovando mais uma vez alguns gêneros.O diretor Stephen Chow e suas duas paródias de artes marciais”Kung-fusão” e “Shaolin Soccer” quebraram recordes de bilheteria.Entre 2002 e 2003 a bem sucedida trilogia”Conflitos internos” dirigida por Andrew Law e Alan Mak iniciou uma nova moda de thrillers policiais.Em 2006 o primeiro filme da trilogia seria adaptado por Martin Scorcese no super oscarizado”Os infiltrados”.

Também na linha policial pode-se destacar os filmes do Johnnie To que despontou como um dos grandes diretores atuais de Hong Kong,tendo seu trabalho sempre bem aceito em festivais internacionais,alem de capitanear boa bilheteria.

E seguindo os mesmos passos de Ang Lee,diretores consagrados resolvem misturar cinema de arte com cinema popular aproximando cada vez mais públicos tão distantes. Zhang Yimou talvez seja o exemplo mais conhecido,com sua trilogia de Kung Fu(Herói,Clã das adagas voadoras e Maldição da flor dourada),conseguiu amalgamar tanto um cinema mais lírico e poético e misturar a fórmulas mais populares.E ainda chamou o astro Jet Li pra ajudar na bem sucedida missão, embora alguns o acusassem de apenas estar fazendo propaganda vermelha em seus filmes.

Chen Kaige,diretor de ‘’Adeus,minha concubina” segue os mesmos passos em 2004 com o filme “A promessa”.Até então a produção mais cara do continente asiático e com participação de atores de outros paises como Japão e coréia.

Em 2006 o diretor Feng Xiaogang dirige”Inimigos do império” que nada mais é do que uma elogiadissima releitura de Hamlet em versão Kung Fu.Também grande sucesso de bilheteria ano passado o filme Sha Pó Lang,que recebeu o titulo de “Comando Final” no Brasil,dirigido por Wilson Wip e com nomes de peso no elenco como Sammo Hung,dessa vez como vilão ameaçador e Donnie Yen como seu antagonista em um filme que fez a platéia aplaudir de pé em festivais ao redor do mundo.Fechando o ciclo temos a ultima incursão de Jet Li no gênero que o consagrou e a volta de Ronny Yu novamente na direção de um filme de artes marciais e ainda seu melhor trabalho em “Mestre das armas”,um sucesso arrebatador de publico e critica.
Coréia do sul:
O cinema Coreano como o conhecemos hoje parece algo tão maduro e profissional que é difícil imaginar ele sendo um fenômeno recente.

O primeiro grande boom cinematográfico coreano se deu no final dos anos 60 e começo dos 70.Depois a industria simplesmente perdeu a força e caminhou de maneira moribunda nos anos 80,acuada principalmente pelo fato do pais possuir uma censura avassaladora.Na metade dos anos 90 o governo troca censura por incentivo trazendo de volta o publico.

Os primeiros grandes sucessos desse novo cinema vieram da sombra de uma ferida de certo modo recente ao povo sul coreano:a divisão da Coréia em duas partes em uma guerra que matou mais de 3 milhões de pessoas.

Filmes como “shri-missão terrorista” de Je Gyu Kang e “Unidade 684” de Woo Suk Kang arrastaram multidões para o cinema,menos por suas qualidades artísticas e mais pela identificação imediata por parte do publico.Em 2004 o filme”Irmandade da guerra”,uma produção que nos remete esteticamente a “resgate do Soldado Ryan”e que bate na mesma tecla das duas Coréias em conflito (no caso,dois irmãos envolvidos na guerra) torna-se a bola da vez e o filme mais rentável da Coréia até então.

Com a certeza de um cinema bom,bonito e barato e com cada vez mais pessoas comprando entradas em um reflexo claro de um pais que se desenvolveu muito e cada vez mais rápido,qual seria o espaço para o cinema de autor?
Pois bem...eles existem e são os melhores do ramo.

Park Chan Wook é figura fácil em festivais de cinema internacionais.Diretor extremamente competente e criativo,é o realizador da trilogia da vingança,sendo que seu filme “oldboy” ganhou ao redor do mundo cerca de 17 premios internacionais colocando a Coréia definitivamente no mapa cinematográfico. Destaque também para Kim Jin Woon,diretor de obras distintas e avassaladoras como “Medo” e “Gosto da Vingança”.

Mas o grande destaque fica por conta de Jong Hoo Bong,talvez o cineasta coreano que tenha conseguido de forma mais homogênea casar o cinema de autor com o cinema comercial.Primeiro com sua estréia na direção em “Memórias de um assassino” filme de 2003 aclamado pela critica mundial.Mais recentemente seu filme “O hospedeiro” tornou-se a maior bilheteria do pais e figura fácil nas listas de melhores produções do ano.
Nada mal para um cinema que nem saiu da puberdade.
Pony
posted by Revista Nerd @ 20:12  
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